Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?
Hoje vou falar um pouco sobre o primeiro poema do Desafio Literário 12 Meses de Poe desse ano. O poema faz parte do conto A Queda da Casa de Usher (confira a resenha aqui) e traz certa comparação com o personagem Roderick Usher e o lugar estranho onde ele mora.
O palácio assombrado
I
No mais verde de nossos vales,
habitado por anjos bons,
antigamente um belo e imponente palácio
– um palácio radiante – se erguia.
Nos domínios do rei Pensamento,
lá se achava ele!
Jamais um serafim espalmou a asa
sobre um edifício só metade tão belo.
II
Estandartes amarelos, gloriosos, dourados,
sobre o seu telhado ondulavam, flutuavam.
(Isso, tudo isso, aconteceu há muito,
muitíssimo tempo.)
E em cada brisa suave que soprava,
naqueles doces dias,
ao longo do muros pálidos e empenachados,
se elevava um aroma alado.
III
Caminhantes que passavam por esse vale feliz
viam, através de duas janelas iluminadas,
espíritos que se moviam musicalmente
ao som de um alaúde bem afinado,
em torno de um trono onde, sentado,
(Porfirogênito!)
com majestade digna de sua glória,
aparecia o senhor do reino.
IV
E toda refulgente de pérolas e rubis
era a linda porta do palácio,
através da qual passava, passava e passava,
a refulgir sem cessar,
uma turba de ecos cuja grata missão
era apenas cantar,
com vozes de inexcedível beleza,
o talento e o saber de seu rei.
V
Mas seres maus, trajados de luto,
assaltaram o alto trono do monarca;
(ah, lamentemo-nos, visto que nunca mais a alvorada
despontará sobre ele, o desolado!)
e, em torno de sua mansão, a glória,
que, rubra florescia,
não passa agora, de uma história quase esquecida
dos velhos tempos já sepultados.
VI
E agora os caminhantes, nesse vale,
através das janelas de luz avermelhada, veem
grandes vultos que se movem fantasticamente
ao som de desafinada melodia;
enquanto isso, qual rio rápido e medonho,
através da porta descorada,
odiosa turba se precipita sem cessar,
rindo – mas sem sorrir nunca mais.
Na minha humilde opinião, o rei Pensamento se refere ao personagem Usher e sua sanidade mental, que antes era considerada um “belo e imponente palácio”. Isso quer dizer que ele vivia plenamente ciente de seus atos, mesmo morando em um lugar estranho e fantasmagórico. Mais tarde, os “seres maus trajados de luto, assaltaram o alto trono do monarca”, ou seja, a melancolia que veio com a doença e morte da irmã e o próprio ambiente nada agradável, tomam conta de sua existência.
No geral, achei um poema assustador, e belo à sua maneira. Pode-se analisar o profundo clima macabro presentes nos textos de Poe. Não tem como não imaginar o que se passava na mente do autor quando escrevia e o que ele estava sentindo naquele momento.
E vocês já conheciam o poema ou alguma outra obra do autor? Não deixem de comentar...
4 comentários
Queria tanto fazer esse desafio! Poe é mestre! <3
ResponderExcluirAdorei o poema e sua reflexão sobre ele, muito bom mesmo!
Beijos!
Oii! Fico feliz que tenha gostado!
ExcluirEntra lá, pra participar com a gente :*
Beijos!
Esse é o "cara"! Poe é tão sombrio e ao mesmo tempo permite que possamos captar isso, talvez seja essa a sua genialidade!
ResponderExcluirVerdade! Esse tom sombrio acaba nos encantando e levando as mais diversas sensações... Poe é demais *-*
ExcluirAdoraríamos saber o que você achou do post!